quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Um dia tudo, no outro nada

    Lá estava eu, almoçando com minha mulher, para depois ir para o trabalho, apenas mais um dia como os outros. Chegando no emprego, recebo a notícia que meu chefe quer falar comigo, eu já sentia que algo de ruim estava por vir. Abro a porta, e aquela sala do diretor com ar condicionado gelado e sua cadeira de couro legítimo. Peço permissão para me sentar e ele me concede, porém com uma cara não muito animadora. Ele começa a falar aquele discurso previsível que eu já sabia, ele estava me demitindo. E depois de duas horas de enrolação, vem a bomba: estou demitido. Um erro patético de ortografia em um dos meus trabalhos foi o bastante para meu chefe me mandar para a rua, escrevi "trabalio" e publiquei no jornal. Para mim, uma vergonha, claro, mas não precisava ter me demitido.
   Chego em casa e vou contar a "ótima" novidade para minha mulher. Entro na sala, ela sentada na mesa de jantar me esperando para comer a lasagna que ela me fez de janta, só porque pedí para ela. Quando eu mando a notícia para ela, a primeira reação dela é entrar em choque:
-Como iremos sobreviver?????? De onde você vai tirar dinheiro???? Vamos ter que nos mudar, você vai ter que procurar trabalho novamente, e agora?????
Eu, com calma, falo para ela que está tudo bem, que tenho dinheiro guardado, que não tem problema se continuarmos assim por pouco tempo. Com todo o ódio do mundo, ela começa a brigar comigo:
-VOCÊ ESTÁ LOUCO??? NÃO QUER TRABALHAR MAIS?? QUER QUE EU BANQUE NÓS DOIS??
Já estressado, me retiro sem respondê-la e vou para a cama dormir.
   Para ajudar meu estado, logo que acordo ela já começa a falar:
-Olha, precisamos conversar...Eu não gosto mais de você do mesmo jeito que gostava, fica difícil para continuarmos assim...
-Você tá fazendo isso só por causa do dinheiro? Não tem nem um dia que fui demitido e você quer terminar comigo? Somos casados faz mais de 5 anos e você quer terminar porque fui demitido????? -retruco já com raiva.
Após horas e horas de brigas,conversas e xingamentos, paramos de se falar, porém com nada decidido entre nós, mas brigados.
   Eu, com nossa Mercedez linda que está prestes a ser vendida, me retiro de casa para mandar meu currículo para empresas da nossa cidade, Araçatuba. Vejo a empresa mais linda da cidade, toda de vidro, mármore, com ar condicionado em todas as partes, uma empresa de grande porte, uma das maiores do estado e mando meu histórico pra ela, para ver se tenho alguma chance de emprego lá.
   Saindo de lá, avisto dois caras de motos meio suspeitos, mas nada demais. Cheguei até a compritá-los, achando que são da portaria da empresa, do jeito que coloco minha mão pra fora do carro, me puxam com muita força, e com uma arma, uma pistola prateada, me dizem:
-Segue agente que se não vamos te matar.
  Em um beco escuro, fedido e com muito lixo, com vários mendigos, eles me vendam, e ficam pedindo algo para mim, algo que nunca ouvi falar na vida, mas que com certeza não tenho. Eles contiuam me torturando, e pedindo por isto que não tenho, e sem acreditar que eu não tenho, eles decidem me matar. Com a arma gelada e ao mesmo tempo quente na minha cabeça, eu desesperado fico repetindo que sou a pessoa errada e que não tenho nada de que eles estão pedindo. Um deles diz:
-Pera aí! Dá sua carteira!
   Um dos dois tira minha carteira do bolso, fuçando nela ele diz:
-Pegamos o cara errado!!
Os dois, sem saber o que fazer, começam a cochichar um para o outro. Então, sem ouvir mais os cochichos, ouço o barulho de uma moto de poucas cilindradas indo embora do beco. Fico lá, sozinho, sentindo o frio, até que um cara, velho, de uns 50 anos, tira a venda da minha cara e eu vou embora.
  Depois de uns dias, consigo um emprego de volta, nessa empresa tão desejada que queria, e o que aprendi com esses acontecimentos é: de uma hora para outra, podemos perder tudo, mas o melhor é aprendermos e vivermos isso da melhor maneira possível, de bom humor.
Lucas Nº6 -- Rodrigo Nº14
 

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